O Assassino de Clovehitch é um filme de suspense que acabou de chegar na Netflix e é perfeito para quem gosta de filmes mais tensos e baseados em fatos. Esse aqui com certeza vai chamar a sua atenção.
No filme, Tyler Burnside é um escoteiro, voluntário em sua igreja local e filho zeloso de um pai honesto e líder comunitário.
Apenas uma coisa perturba a pacata cidade de Kentucky em que ele vive: os assassinatos não resolvidos em que dez mulheres foram brutalmente torturadas e mortas por um psicopata conhecido como Clovehitch, que abalou a comunidade há mais de uma década.
Quando Tyler descobre um esconderijo de imagens perturbadoras na posse de seu pai, ele começa a suspeitar que o homem em quem mais confia no mundo pode ser Clovehitch, e que sua violência mortal pode não ter acabado.
O filme está fazendo bastante sucesso e por ser uma história envolvente e que muito provavelmente deve ter acontecido na vida real, muitos ficaram se questionando se O Assassino de Clovehitch foi baseado em fatos reais.
O Assassino de Clovehitch é baseado em uma história verdadeira?
A resposta é: Mais ou menos. O Assassino de Clovehitch é parcialmente baseado em uma história real. O filme é inspirado nos crimes reais de Dennis Rader, mais conhecido como Assassino BTK, um dos serial killers mais famosos dos Estados Unidos. Entre 1974 e 1991, Rader matou 10 pessoas e enviou cartas para a polícia detalhando os crimes.
A sigla BTK significa “blind, torture, kill” (vendar, torturar e matar), o modus operandi do serial killer.
O assassino de BTK tem sido a fonte de inspiração de muitas produções, talvez um dos mais famosos seja o conto de Stephen King de 2010, chamado A Good Marriage. e na série Mindhunter, da Netflix. E ele também é o assunto da obra não-ficcional de Katherine Ramsland de 2016: Confession of a Serial Killer: The Untold Story of Dennis Rader, the BTK Killer.
Aqui no filme O Assassino de Clovehitch, foi o próprio diretor Duncan Skiles que idealizou tudo, ele pesquisou extensivamente sobre a personalidade de Dennis Rader para dar vida à figura suspeita de Donald Burnside.
O diretor disse também ter se inspirado em filmes como The Vanishing e Um Estranho no Lago, junto com clássicos de Hitchcock como A Sombra de uma Dúvida e Violência Gratuita de Michael Haneke.
A atmosfera melancólica, lenta e minimalista de O Assassino de Clovehitch, assim como sua falta de música, fica bem claro a inspiração desses clássicos, assim como os verdadeiros crimes cometidos pelo assassino BTK.
Quem foi Dennis Rader?
Dennis Rader nasceu em 1945 em uma família de classe média em Pittsburg, no Kansas. O mais velho entre quatro irmãos, Rader, supostamente teve uma infância normal, embora os traços de um serial killer estivessem adormecidos dentro dele desde muito novo, onde regularmente, maltratada e matava animais na floresta.
Rader foi para a Universidade mas desistiu depois de um ano para se juntar à Força Aérea, onde serviu até 1970. Um ano depois, ele conseguiu um emprego nos Serviços de Segurança ADT e se casou, e em 1979 se formou em Ciências, com especialização em Administração de Justiça.
Depois de garantir uma vida familiar e comunitária respeitável, começou a matança. Em 2005, quando finalmente foi preso, ele teria tirado a vida de 10 mulheres.
Dennis Rader também realizava asfixia autoerótica, como o do filme. Além disso, os assassinatos teriam implicações sexuais, dando a ele o nome auto-batizado de BTK K de “blind, torture, kill” (vendar, torturar e matar). A polícia ainda encontrou vestígios de sêmen nas cenas do crime, o qual ele próprio admitiu ter obtido gratificação sexual ao ato de matar, o que é bem bizarro.
Semelhanças entre o filme e o caso real
No filme, O Assassino de Clovehitch também é visto amarrando e torturando suas vítimas antes de matá-las, que também eram mulheres, e também parece obter algum tipo de prazer sexual as atacando. Além disso, o modus operandi no filme também é semelhante ao do assassino BTK, já que ele é visto espionando mulheres antes de matá-las.
Como o assassino no filme, o real assassino BTK também ficou adormecido por quase uma década, de 1977 a 1985, antes de tirar a vida de outra pessoa.
O BTK Killer também era famoso por insultar a polícia deixando pistas no local, assim como O Assassino de Clovehitch faz ao amarrar um engate de cravo perto da cena do crime. No entanto, a semelhança mais proeminente entre o BTK Killer da vida real e o fictício é que ambos viveram uma vida familiar e comunitária aparentemente normal e respeitosa.
A descoberta mais surpreendente sobre o BTK Killer foi que ele se escondeu sob a vista de uma comunidade de cidade pequena, conseguiu um emprego em tempo integral e cuidou de sua família, enquanto perseguia suas fantasias perturbadoras e sádicas.
Como o personagem do filme, o BTK Killer também era um chefe de escoteiros e presidente do conselho da igreja local. O assassino fictício é visto levando uma vida aparentemente realizada, retratado como um pai carinhoso e um marido atencioso e como Don no filme, Dennis é pai de dois filhos.
No entanto, o final do filme se desvia da história real para aumentar o efeito de impressionar o espectador. O Assassino BTK foi pego pelas pistas que enviou à autoridade policial, enquanto O Assassino de Clovehitch é pego pelo próprio filho.
Enquanto relatos anteriores do BTK Killer adaptaram uma perspectiva em primeira pessoa ou a narrativa da polícia, o filme não faz nenhum dos dois. Ele move a história para dentro de casa para criar uma expressão de disjunção familiar.
A história é vista da perspectiva de Tyler, cujo olhar para seu pai nunca é completamente dele, devido à grande influência do pai sobre ele. Essa postura do diretor é o que dá à história um sentimento de pavor e desconforto agudo.
Com isso, a ficção se torna mais macabra do que a realidade à medida que investiga a vida pessoal do serial killer. A morte final do assassino nas mãos de seu próprio filho dá à história uma sensação de justiça poética, mas ao contrário do Assassino BTK, a verdadeira identidade do Assassino Clovehitch permanece para sempre escondida.
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