Crítica | Free Solo – Frio na barriga do começo ao fim!

Por Caroline Lima

“A concentração é a raiz de todas as habilidades do homem” – Bruce Lee

Essa frase descreve exatamente a essência do documentário e de toda trajetória de Alex Honnold, até alcançar seu objetivo: escalada “Free Solo” no El Capitan, penhasco localizado no parque Yosemite, na Califórnia – um paredão de 910 metros de altura. O que daria, em termos de dimensão, duas vezes e meia o Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro.

Enganasse quem pensa que é a coragem que rege um alpinista em ascensões livres em grandes paredes, o que o longa “Free Solo” conseguiu deixar muito claro, é que o estudo de cada movimento é que dirige e dá segurança para que o especialista complete o objetivo de uma subida sem o uso de equipamentos, pois, nesses casos, qualquer cálculo errado pode ser fatal.

O documentário, dirigido pelo casal de cineastas Elizabeth Chai Vasarhelyi e Jimmy Chin (também alpinista profissional), já começa com um baita de um spoiler: todos já sabem da vitória do alpinista, Alex Honnold, na escalada do El Capitan. Mas é claro que uma obra tão óbvia não seria digna de um Oscar.

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Uma merecida estatueta! Pode-se dizer que um dos mais recompensadores prêmios da cerimônia do Oscar no dia 24 de fevereiro. Que foi direto para as mãos dos cineastas e equipe que gravaram com alma, com emoção!

Tudo pelo close perfeito? Não é bem assim não. A vida de Alex Honnold também poderia estar nas mãos desses profissionais, que estudaram cada movimento, ângulo e, não focaram só no resultado final, mas, principalmente, no cuidado e papel que cada um deles exerciam, sem atrapalhar a concentração do alpinista.

O áudio do documentário foi uma sacada genial, pois permite a sensação de estar escalando com Alex, isso porque é possível ouvir sua respiração e som de seus movimentos, que foramcaptados por um microfone instalado em sua bolsa de giz, material que evita o escorregar dos dedos.

Tensão, fobia, ansiedade, inquietação, essas são uma das sensações que pode-se sentir ao acompanhar o documentário. É um filme que causa até dúvida se você torce para que ele realize a escalada logo, ou se prefere que desista. A primeira vista, é um ato de muita coragem, sendo o Alex um dos poucos no mundo a se arriscar sem o uso de equipamentos de segurança. Mas, como adiantou dois especialistas que acompanharam o documentário na pré-estreia em São Paulo: quem não conhece o esporte o acha louco e quem já atua com escalada, acha ele mais insano ainda.

É uma dramática jornada que leva mais de um ano para ser estudada, entre lesões, medo, vontade de desistir e toda ansiedade e cobrança que o rodeia.

Sua vida amorosa é bem peculiar, a companheira de Alex, Sanni McCandless é praticamente a Alice Braga atuando nos filmes “Eu Sou a Lenda” e “Elysium”, sempre dando um jeitinho de ferrar com a vida do cara, sem querer, claro! O impasse está no medo de perdê-lo durante a escalada, sabendo que ele não é muito apegado a fatores externos, vive sem muito apego na vida. Mesmo vivendo a angústia antes do grande dia, ela sabe que não pode impedí-lo de concluir seu objetivo. A relação do casal é muito explorada no filme, com uma linguagem de reality show, de um drama bem original da vida real.

O documentário mostra como as escolhas da vida do alpinista, o guiaram para essa trajetória repleta de conquistas em escaladas solo, e porque sua personalidade tão peculiar contribui para esse esporte, em que poucos no mundo saberão a sensação de liberdade e perfeição de cada conquista.

Alex é incisivo sobre o porquê faz isso: pela sensação de ter feito algo perfeito na vida. Pode não parecer tão inspirador assim, mas cada um tem um propósito diferente para seguir.

Free Solo, o documentário premiado do ano, tem duração de 96 minutos e estreou no sábado (9) no canal National Geografic. Por mais que já saibamos do final feliz, é importante adiantar que essa informação não diminui em nada o nervosismo, inquietação e emoção de assistir todo o processo dessa conquista.

Uma escalada sem cordas ou qualquer equipamento de proteção, utilizando apenas os pés, as mãos, a força física e, claro, a concentração!

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