Crítica | Blame!, um anime de pouca explicação e muito conceito

Baseado em um mangá lançado em 1988 por Tsutomu Nihei (Knights of Sidonia), Blame! é um filme cyberpunk exclusivo da Netflix de 2017 que conta uma das histórias mais interessantes que conheci nos últimos tempos. Apesar da obra já ter mais de 20 anos, a editora JBC trouxe o mangá para o Brasil em 2016.

Blame! se passa em um futuro distópico, onde a humanidade está praticamente extinta por suas próprias invenções, as máquinas. A Cidade, como é chamado o local que reside A Vila, um pequeno grupo de humanos sobreviventes, cresce de forma inesgotável para cima. De forma bem simples, são prédios infinitos e desoladores que as máquinas dominam e expandem constantemente. Com possibilidade eterna de serem caçados e assassinados, os humanos precisam se arriscar para conseguir comida. Em uma destas buscas, a garota Zuru e seus amigos, encontram Killy, um viajante misterioso, de pouquíssimas palavras, que quer encontrar pessoas que tem um certo gene para retomar o comando da Cidade.

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Zuru

Diferentemente do mangá, o anime da Netflix não começa realmente do início. Este talvez seja o grande problema do filme, pois quem não tem conhecimento prévio do enredo fica se perguntando a todo momento se deixou passar alguma informação e, diversas vezes, pode ser necessário voltar alguns segundos para rever uma cena ou uma fala. Este problema, se resolvido com a leitura do mangá, ou pelo menos com leitura de críticas, irá gerar satisfação em assistir o filme, porém, ninguém deveria ter essa obrigação.

Essa falta de explicação faz com que nos distanciemos dos personagens envolvidos e pode fazer com que demoremos a perceber a gravidade da situação. Killy, sempre silencioso, acaba sendo outro problema no anime, pois a gente se pergunta até quando ele será frio daquele jeito e quais foram os motivos que o tornaram assim. Blame! não se preocupa em se aprofundar nos personagens principais, apesar deles terem um potencial de desenvolvimento incrível.

Em contrapartida à isto, o filme tem um visual sensacional e talvez seja um dos mais criativos cyberpunks que já assisti. Ao contrário de Ghost In The Shell, o anime de 1995, no qual a narrativa é explicada praticamente via diálogos, que preenche a maior parte do tempo de tela, Blame! nos mostra o quão complexo é o universo através de suas imagens e seus detalhes. É claro que existem diálogos explicativos, principalmente pelo fato da história não começar “do começo”, e eles são bem importantes, porém, para entender o que são os milhares e milhares de andares que a Cidade tem, a dificuldade de se explorar lugares novos, de descobrir soluções e de sobrevivência, é essencial prestar atenção no cenário que os ronda e quais conceitos os criadores querem nos passar.

blame cidade

Com um design incrível, e um grande potencial de desenvolvimento, Blame! dá indícios de que precisaria ser uma série para nos envolver completamente com a trama. Sua ação, principalmente para que curte a estética cyberpunk, e os mistérios da dominação do mundo pelas máquinas, fazem valer as quase duas horas de filme. Para quem curtiu o universo, a dica é ir atrás de mais informações e entender as motivações de Killy nesta busca quase impossível por salvação.

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