Crítica 2 | Star Wars: A Ascensão Skywalker se esforça para agradar todas as gerações

Sou nascido em 1977, no ano em que nasceu a franquia Star Wars. E quando os créditos finais do filme Ascensão Skywalker apareceram, lágrimas no meu rosto rolaram de tanta emoção de ver o final desta saga tão maravilhosa e que fez parte da minha vida até hoje.

Quando era moleque assistia no canal aberto à sessão da tarde com o Luke tentando levantar a sua nave no pântano e o Mestre Yoda ensinando-o a ter controle e muito foco.

Boa parte destes ensinamentos utilizo pessoalmente e passo até hoje em minhas aulas. Anos se passaram e, num certo momento da vida, quando minha esposa estava grávida do meu primeiro filho, tive que buscar um hobby para poder manter a sanidade dentro da vida corrida de gente grande na enorme cidade de São Paulo. E nisso me lembrei da cena do Luke e do mestre Yoda que cheguei a sonhar várias vezes. Assim, comecei a buscar conteúdos, materiais e tudo sobre Star Wars.

star wars the rise of skywalker

Ao longo dos anos foram sendo lançados os novos filmes e as novas trilogias. E a minha família foi aumentando com mais uma filha e todos acompanhando as novas trilogias. Ah! E até num encontro internacional do Star Wars Celebration nós fomos, lá em Orlando, que foi um sonho realizado.

Mas essa é só uma introdução para contar o quanto tenho de apreço por estes filmes. E para este último não foi diferente.

Entendo que J. J. Abrams e toda equipe tiveram que adaptar todo o material para fazer um grande final! E mais difícil que isso foi atender a demanda e expectativa de todos os fãs, que agora conseguem somar quase três gerações. Foi o que vimos no cinema, gerações das mais diversas possíveis: aqueles que eram jovens quando foram ao cinema assistir a primeira trilogia, com efeitos especiais à base de maquetes; uma geração como eu, que cresceu com estes filmes nos anos 80 e 90; e uma geração mais nova que já pegou a versão Disney com todos os filmes, desenhos, mundos paralelos, jogos de videogames, Legos, personagens e afins. Uma amiga, inclusive, comentou que o filho dela, que agora tem os seus 15-20 anos, não foi afetado, pois foi o delay de lançamentos.

Este filme final ainda tem que passar pelo pensamento e ações de marketing da poderosa Disney, que no final tem que transformar tudo isso em brinquedos, licenças, jogos, parques etc. Ou seja, fazer com que não somente o filme seja campeão de bilheteria, mas que tenha um long-lasting financeiro como ficam os sabores de chicletes que mascamos.

A pressão não deve ter sido fácil, milhares e milhares de fã ao redor do mundo, de várias gerações em cima de um roteiro que tinha que amarrar 42 anos de uma história que começou com a sequência mais diferente de tudo o que já tinha sido criado. Um filme que começa na metade (Era da Rebelião) e depois é contada no começo (Era da República) e depois volta para o final (Era da Resistência). E, fora que ainda tem um monte de histórias paralelas como o Rogue One ou o Solo, como exemplos.

Star Wars A Ascensão Skywalker

Com isso, acho que o filme foi o esperado, sem sair muito do script tradicional: com piadas atualizadas estilo Disney, cenas maravilhosas digitais, muita ação como as novas gerações gostam, cenas lindas em 3D, personagens digitais bem feitos, novos personagens levando em consideração a diversidade, tiros, tiros e mais tiros. Sem grandes OOOhh!! Para não ser tão injusto ou tiozinho chato, sim, tiveram alguns referentes à família Palpatine e o final de alguns personagens. Mas a expectativa de quem tem um repertório de muitos filmes e alguns anos a mais foi maior do que o filme entregou.

No final da sessão conversei com uma das gerações mais novas, meus alunos de faculdade, e eles amaram. Acharam excepcional. Outro colega, próximo da minha idade, também achou um pouco óbvio alguns desfechos de personagens. Ainda vou assistir novamente depois das festas com os meus filhos e ver a reação deles. E aprofundar alguns pontos. Mas, principalmente, quero ver a reação deles para tudo.

Acho que, para quem vai assistir, é legal ter algumas referências que pude achar: roteiro da briga de família de Romeu e Julieta de Shakespeare, inclusive com o beijo da morte do final do livro;  Bíblia e imposição das mãos de Jesus, que achei esta parte meio apelativa, pois nos outros filmes não tinha nada disso e nunca foi referenciado; renascimento do Fred Krueger e Jason; além dos clichês de filmes de comédia romântica; e dos atuais filmes de heróis Marvel e DC, inclusive a caída do homem de ferro e do Hulk.

No cinema que assistimos, teve uma cena, bem polêmica, e também acho meio desnecessária, em que um fã, acho que mais tradicional, deu um berro: Nããão!!! E depois saiu do cinema pisando forte nas escadas, bufando, antes que o filme acabasse. Foi muito engraçado! E ao mesmo tempo triste!

No fim, acho que o filme foi bacana, uma ótima diversão, minha esposa criticou bastante, mas se divertiu ao longo da sessão. A pipoca estava boa e o refrigerante também. O sono não apareceu mesmo tendo dormido pouco na noite anterior, e assim sobrevivemos sem “pescar” na pré-estreia, na madrugada de quinta para sexta, como fizemos em todos os filmes do Star Wars (que eu já era grande).

O final de uma trilogia, fim de três trilogias, mas acho que o começo de uma nova saga. Assim espero! Vamos aguardar, que venha mais Disney!

Por Marcus Nakagawa, fã de Star Wars e outras coisas nerds, sua família (Fran, João e Nena Naka) possui mais de 2 mil itens da série, desde brinquedos, cuecas, roupa de cama, jogos, colecionáveis, etc. Além disso também é professor da graduação e MBA da ESPM; e palestrante sobre sustentabilidade, empreendedorismo e estilo de vida. Autor dos livros:  Marketing para Ambientes Disruptivos 101 Dias com Ações Mais Sustentáveis para Mudar o Mundo (ganhador do prêmio Jabuti 2019) – www.marcusnakagawa.com.

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