Nova série brasileira da Netflix em parceria com KondZilla conta a história de três amigos, Doni, Nando e Rita que vivem na mesma comunidade mas seguem caminhos divergentes, influenciados pelo funk, tráfico de drogas e a igreja, mas sempre encontram um ponto comum em sua amizade.
Com seis episódios, a série é uma criação do próprio KondZilla, nascido Konrad Cunha Dantas mas também conhecido como Kond, que não só produziu como dirigiu em parceria com Johnny Araújo. O produtor/diretor tem hoje o maior canal de música do Brasil e um dos maiores do mundo. A produção também leva a assinatura de Losbragas, produtora das irmãs Alice Braga e Rita Moraes e de Felipe Braga, que acreditou no projeto e comprou o visão de Kond.
Trata-se de uma série que visa mostrar para o público, em especial o jovem, como é o mundo desses adolescentes na periferia de São Paulo, usando a música como um pano de fundo. Vale lembrar que muitas canções são originais em parceria com MC EZ e Tropkillaz.
Embora esteja longe de ser um musical, o funk exerce um papel fundamental na história, seja para ambientar o expectador, seja como um recurso para contar a jornada de de Doni (MC Jottapê), que sonha ser um MC e vê uma grande oportunidade, ao mesmo tempo tem que lidar com o descontentamento dos pais. Nisso ele encontra apoio em seus amigos Nando e Rita.
Nando (Christian Malheiros) por sua vez não sente que tem o direito de sonhar, ele é responsável por uma família e acaba encontrando no tráfico uma forma de protegê-la e mantê-la, entretanto o fascínio pelo poder pode gerar grandes dilemas morais e gerar uma tensão entre ele e os amigos.
Rita (Bruna Mascarenhas) por sua vez também é uma jovem que teve que se virar sozinha muito cedo na vida, suas escolhas nem sempre são consideradas as melhores e eventualmente encontra no sentimento de culpa e no desejo de melhorar de vida um direcionamento para a igreja do bairro.
Cada um desses jovens tem sua história, os “corre” da vida, e a série aproveita isso para mostrar a realidade da favela sem cair na vilanização ou beatificação destes. Além disso, os personagens que fazem parte da vida dos adolescentes têm um espírito próprio. Leilah Moreno por exemplo não só empresta a voz para a série como também dá a luz a uma pessoa que será fundamental na vida musical de Doni. Além disso, não se pode deixar de notar o cuidado da série em trazer atores que vivem essa realidade e para muitos se trata de uma primeira oportunidade nas telas. ressalta-se que nada disso atrapalha na atuação, aliás, parece que é justamente nessa naturalidade que a série triunfa.
Quanto a edição, os cortes rápidos e movimentos da câmera tornam a produção dinâmica e captam precisamente o quão rápido as coisas mudam na vida dessas pessoas. É tudo muito ágil, pessoal, dramático e por vezes divertido.
Outro ponto alto da série é não ter medo da linguagem própria do lugar, das gírias, e nem medo de suas raízes. Embora seja uma ficção, as inspirações para as histórias desses personagens nasceram da experiência de vida de pessoas próximas a KondZilla e não se pode negar que há uma alma, há uma autenticidade de quem conhece a realidade. Houve uma grande preocupação em tornar tudo muito crível, e nisso acerta em não deixar as interpretações engessadas.
Enfim, é uma homenagem à Zona Leste de São Paulo e pode agradar tanto os amantes do funk como um público que não está tão familiarizado assim, mas está disposto a dar uma chance.
Direção: KondZilla
Emissora: Netflix
Gênero: Drama
Criadores: KondZilla, Felipe Braga, Guilherme Moraes Quintella
Veja no vídeo abaixo o tapete vermelho da série, entrevista com o elenco, KondZilla e produtores. Não se esqueça de curtir o vídeo e seguir nas redes!
