Crítica | Maria e João: O Conto das Bruxas é estiloso mas perde uma boa oportunidade

Maria e João: O Conto das Bruxas é a mais nova tentativa de visitar o famoso conto dos irmãos Grimm. Já tivemos a versão clássica, em que dois irmãos são abandonados pelo pai na floresta e encontram uma casa de doces onde mora uma bruxa que come criancinhas. Temos ainda a versão em que eles são caçadores de bruxas e agora temos a versão de Osgood Perkins (direção) e Rob Hayes (roteiro) que parte do ponto de vista de Maria (Sophia Lillis).

A mudança na ordem dos nomes não é aleatória, realmente é Maria quem guia a narrativa em uma jornada de amadurecimento e questionamento do papel da mulher, em especial no que diz respeito aos cuidados do irmão mais novo em um contexto de fome crônica. Essa versão tem em mente o papel da mulher na sociedade e no imaginário, seja como mãe, cuidadora, objeto de desejo ou bruxa.

Não se trata de um conto de fadas onde a casa de bruxa é feita de pães e doces, mas sim um terror sobrenatural que tenta estudar e criticar o papel da mulher. O filme parece ter como inspiração essa nova leva de filmes de terror focados em atmosfera, como por exemplo A Bruxa de Robert Eggers.

maria e joao filme

Nesse sentido a escolha estética é muito feliz em construir uma atmosfera obscura e inquietante, com contrastes, ao mesmo tempo que traz momentos que geram admiração. A escolha da trilha sonora também consegue acrescentar o tom folclórico sem se esquecer da tragédia iminente.

As atuações de Sophia Lillis e Alice Krige até conseguem carregar a trama, inclusive a última parece ter nascido para interpretar o papel da bruxa, mas o estudo sobre o feminino com o olhar contemporâneo e a ambientação campestre acaba ficando exagerado e transborda no final, com diálogos nada naturais o que deixa a protagonista um pouco travada e a história indigesta.

A escolha da narração não consegue acompanhar o ritmo do filme e por vezes parece aleatória e desnecessária. Outro fator que desgasta é o fato de que ele sempre foge de cenas mais brutais, não porque escolhe aterrorizar com as possibilidades e imaginação do telespectador, mas porque está tentando manter a classificação indicativa mais baixa e isso fica claro.  Além disso, em um momento determinante o uso de computação gráfica fica totalmente desnecessário e mal feito, quebrando o clima.

A questão aqui é que havia uma grande oportunidade de se apostar no bizarro e tenebroso, o conto original em si é muito rico em possibilidades mais macabras, mas acaba sendo um filme que se preocupa apenas com a estética e fica com medo de mergulhar no obscuro.

Vale a pena?

No geral Maria e João consegue entreter com um visual inspirado e um novo olhar sobre uma história muito conhecida, entretanto a atmosfera de terror se perde nos excessos e acaba se tornando um filme indigesto. O filme estreia dia 20 de fevereiro nos cinemas.

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