Crítica | Hanna, envolvente no começo e desconexa no final

Com vários meses de atraso, finalmente assisti a primeira temporada de Hanna, série da Amazon Prime Video lançada em fevereiro de 2019 e baseada em filme de mesmo nome de 2011.

Na trama, iremos acompanhar Hanna (Esme Creed-Miles), uma menina com apenas 16 anos criada pelo seu pai Erik Heller (Joel Kinnaman) no meio de uma floresta fria e escura. Lá, Heller, ex-agenda do FBI, ensina sua filha técnicas para sobreviver em um local cheio de predadores, a lutar, várias línguas e conhecimentos gerais para caso um dia ela saia de lá. Como toda menina jovem, Hanna chega na idade de querer descobrir coisas novas, de sair da mesmice e saber o que há ao seu redor. Em uma dessas “saidinhas”, ela é descoberta por autoridades e Marissa Wiegler (Mireille Enos), ex-chefe de Heller, vai a caçada deles para tirar a limpo tudo o que aconteceu no passado, os motivos deles estarem isolados e da Hanna ser tão extraordinária em tudo o que faz. No começo temos uma série muito empolgante, fazendo com que a maratona seja fácil. No total, são apenas oito episódios de 50 minutos mais ou menos.

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Bem intrigante, Hanna começa despertando nossa curiosidade devido à esta premissa, então, logo após a saída dos protagonistas da floresta, temos uma obra de ação de alto nível para um orçamento significantemente menor que Hollywood, por exemplo. Joel Kinnaman, que também protagonizou The Killing e Altered Carbon, é bem a vontade em interpretar personagens deste gênero. Suas lutas são convincentes e as motivações de seu personagem conseguem fazer com que a gente acredite nele, mesmo sem entender ao certo todo o mistério que o envolve. Apesar de suas feições não mudarem muito durante toda a história, e do próprio ator não ter esta característica, a gente entende que lá vive um personagem amargurado e que tem sua filha como única razão para ainda viver.

Esme Creed-Miles, a Hanna, é uma ótima revelação como atriz, pois até então ela nunca tinha tido destaque nas telinhas. Suas cenas de lutas são bem ensaiadas e, surpreendentemente, convence na hora de bater tanto em homens grandes e adultos. Além disso, ela é ótima no drama, sendo intensa na hora de chorar, mostrar suas emoções, mesmo ainda não entendendo muito bem o que ela sente, enquanto está perdida em um mundo diferente de tudo o que ela já viu, onde a vida normal das pessoas está na sua frente e ela, com apenas 16 anos, tem um exército a sua procura. Todas estas reações fazem com que Hanna consiga carregas as melhores cenas mesmo tendo um bom elenco ao seu lado.

O grande problema Hanna vem em sua parte final, no qual começamos a estranhar as motivações reais dos personagens e achar que nada do que está sendo feito valerá tanto a pena, pelo menos naquele momento em específico onde todos estão cansados e abatidos. Erik Heller personifica bem esta ideia, pois, a partir do momento que sua missão é proteger sua filha, o resto precisa se tornar secundário até que ele tenha garantias de sucesso. O que era essencial quando a série começa, passa a ser deixado de lado depois em prol de algo que nem damos tanta importância assim no fim das contas.

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Com vários diretores diferentes, Sarah Adina Smith, Jon Jones, Amy Neil e Anders Engström, podemos ver que eles são poupam na hora de ter como foco o rosto de Esme Creed-Miles para destacar a cena. As tomadas de ação bem ensaiadas, mas contrastam por vezes com atores pouco preparados como os protagonistas. Para aliviar, os diretores conseguem usar recursos onde nossa atenção fica presa em como Hanna irá conseguir espapar da situação, do que da luta em si. A fotografia é belíssima, principalmente na floresta coberta de gelo, onde a neve e a natureza rouba a cena. Tudo isto combina muito bem com sua trilha sonora, que vai deste o rock n’ roll, até a uma música dramática e chorosa.

Com uma história interessante e dois ótimos protagonistas, Hanna tinha tudo para ter uma primeira temporada excelente. Ela até tem, pelo menos nos primeiros episódios, onde tudo é muito frenético e nossas curiosidades vão sendo sanadas. Depois, a série cai bastante, se torna lenta, apesar da história não parar e, após certas mudanças de atitudes e personalidades, o argumento dos personagens se perde. Na minha percepção, é como se a série tivesse que ter uns 5 episódios e acabasse ali, sem a necessidade de continuação. Renovada para sua segunda temporada rapidamente, Hanna foi feita para ter duas histórias em uma temporada, sendo que a segunda – suas motivações e consequências – fossem apenas para garantir esta continuação.

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