Crítica | Erased, a melhor maratona que você ainda não teve

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Creio que a maioria das pessoas na Terra gostariam de voltar no tempo e corrigir algo fez ou deixou de fazer. Porém, esse desejo precisa ser completado com outro fator: se lembrar do que você fez de errado, para aí sim tentar corrigir. Caso contrário, o erro, fato ou qualquer correção que queiramos fazer, poderá ocorrer exatamente como antes. É algo surreal, mas bem atrativo. É nisso que se baseia a série japonesa Erased, adaptação do anime Boke Dake Ga Inai Machi, com direção de Ten Shimoyama e produção de Tomomi Okubo.

Satoru Fujinuma, o protagonista de Erased, tem uma “síndrome” bem diferente. Ele, sem saber o motivo, volta alguns minutos atrás no tempo e ganha a possibilidade de corrigir algo que aconteceu no seu presente. Bem parecido com o pressentimento chamado de Déjà vu. Ele é um cara que tem uma vida aparentemente normal. Trabalha como entregador de pizza, tem uma amiga legal e uma mãe que se preocupa com ele. Uma vida normal não significa uma vida completa. Frustado como seu destino, Satoru sempre quis ser mangáka (escritor/desenhista de mangá).

Um dia, Satoru Fujinuma volta no tempo de forma extremamente brutal após um acontecimento trágico com sua mãe. Ele tenta corrigir, não consegue, se torna o principal suspeito do fato, e, logo depois, se vê aos 11 anos de idade, morando com sua mãe, em uma rotina que ele mal se lembrava, mas que tem tudo a ver com o que ele se tornou aos quase 30 anos. Como eu disse no começo, nessa volta ao passado, Satoru tem o fator primordial para mudar tudo o que aconteceu em sua vida: se lembrar dos acontecimentos da fase adulta.

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Conforme Satoru vai vivenciando esse passado, várias coisas começam voltar para sua mente. Amigos desaparecidos, mortos, um maníaco presente na cidade e um grande remorso: seu grande amigo que levou a culpa por tudo isso, sem que ele pudesse ajudar. Já acostumado com essa coisa estranha de Déjà vu, o protagonista logo entende que ele pode mudar seu presente. Ele percebe sua situação extremamente privilegiada de poder prever acontecimentos e coloca como objetivo de vida ajeitar tudo o que aconteceu de errado na sua trajetória.

A adaptação tem como ponto alto sua atuações, e isso tem o dedo do diretor Shimoyama ao fazer uma obra tão dramática e repleta de crianças. Yuki Furukawa, como Satoru adulto, e Reo Uchikawa, como criança, se destacam na hora de contar a história de alguém tão problemático, mas com um potencial tão grande de melhoria. Uchikawa é uma das crianças mais adoráveis que já vi. Apesar de algumas falhas, principalmente quando ele está perante à uma cena muito dramática, o ator mirim sabe desempenhar um papel cativante a ponto de queremos ver mais ele do que o próprio Furukawa.

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A mãe de Satoru é feita pela excelente Yuriko Ishida. A personagem é carinhosa desde sempre, mesmo quando seu filho não merecia, e isso é bem representado por ela. Kayo Hinazuki, uma das principais personagens depois de Satoru e representada pela atriz mirim Rinka Kakihara, é a peça mais fundamental de toda a trama. A personagem é muito bem construída, desde de sua vida mais íntima, com todos os abusos sofridos por ela e sua solidão constante, até sua relação com o personagem principal.

Erased tem uma fotografia muito bonita. Ela representa um Japão com muita neve, sempre nublado e escuro, mas lindo. As cores se contrastam a medida que alguém, ou algo especial, aparece em meio à essa imensidão de cinza. Por ser uma obra japonesa, temos a tendência de ter muito receio em partes do roteiro. Alguns diálogos se mostram estranho para nós. É como se fossem lentos e desnecessários. Porém, isso se esbarra no fato do Japão ser mais cauteloso para tiras algumas conclusões básicas de como dar uma resposta simples e objetiva. Por isso, o roteiro, por diversas vezes, escorrega na minha opinião e acaba nos dando o sentimento de “isso já era pra estar resolvido há tempos”.

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No fim, a série tem como objetivo mostrar até que ponto estamos dispostos a ter redenção e, mais que isso, até que ponto estamos dispostos a nos sacrificar por outras pessoas. Erased também mostra que entre o preto e branco, entre o mau e bom, existe um cinza, ou pelo menos um motivo relevante para alguém se tornar o que é, mesmo que por culpa totalmente de nossas escolhas. Com mais de 10 episódios, com média de meia hora cada, Erased é com certeza uma das melhores indicações da Netflix, principalmente para você que mora em uma cidade mais fria. O clima combina, a história é extremamente instigante e, debaixo de um cobertor, com alguém do lado, se torna imperdível.

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