Polêmicas à parte, o documentário Democracia em Vertigem de Petra Costa traz uma visão poética e intimista, porém ingênua e idealizada sobre o Partido dos Trabalhadores (PT), o impeachment de Dilma Rousseff, a prisão do ex presidente Lula e a eleição de Jair Bolsonaro.
Ainda que possua uma série de inconsistências factuais, ele consegue ser visualmente bonito e bem construído. A cineasta alterna entre a história pessoal, inclusive de sua família durante a Ditadura Militar, e acontecimentos históricos mais amplos, criando um paralelo e uma intimidade com parte dos acontecimentos.
A narração de Petra ajuda a construir o ar pessoal, mas o tom dramático chega a ser cansativo, e a duração de 121 minutos parece excessiva e mal aproveitada, já que Petra perde inúmeras oportunidades em se aprofundar no tema ou fazer uso do acesso que teve a Dilma e Lula, que poderiam ter sido melhor confrontados sobre as acusações de corrupção. Ademais, quem não é familiarizado com a história do Brasil pode ficar bem perdido.
A cineasta constrói sua narrativa com imagens da posse de Dilma, das manifestações pró-impeachment, fotos da época do Regime Militar (que foram duramente criticadas por estarem adulteradas), belíssimas filmagens do Palácio do Planalto, algumas cenas em que Lula é apresentado como salvador e mais uma série de materiais sobre a Operação Lava-Jato ao som de uma trilha sonora brasileiríssima.
Trata-se de uma visão de mundo, e vale lembrar que documentários costumam ser parciais, construída de forma coerente a sua visão. A forma como a narrativa House of Cards é construída consegue segurar o telespectador até o fim, embora a narração em si canse um pouco.
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