Crítica | 12 Monkeys é um sci-fi viciante e encantador do início ao fim

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De cara, posso afirmar que, na minha opinião, 12 Monkeys é a melhor série de sci-fi da atualidade. Ou pelo menos era, pois foi finalizada de forma homérica na quarta temporada. Essa crítica não haverá spoilers, nem detalhes que possam impedir a completa absorção dos fatos apresentados durante a série.

12 Monkeys foi baseada no filme de mesmo nome de 1996, com Bruce Willis, ‎Madeleine Stowe‎ e ‎Brad Pitt. Originalmente do canal Syfy, a série conta a história de James Cole (Aaron Stanford), um saqueador sobrevivente em um mundo apocalíptico no ano de 2043, cujo é enviado pela Dra. Katrina Jones (Barbara Sukowa) para o ano de 2015 com uma única missão: impedir que uma epidemia que matou 7 bilhões de pessoas se desenvolva e, junto a tudo isso, obter sua redenção pessoal, por não se considerar digno em seu atual estado. Neste passado, Cole conhece a Dra. Cassandra Railly (Amanda Schull), uma das maiores virologistas do mundo e peça central no desenrolar não só da história de 12 Monkeys, mas na vida de James Cole.

12 monkeys elenco série

Essa é a premissa básica da série, em que sua primeira temporada se baseia. Depois, ela se distancia por completo do filme de Bruce Willis e se transforma em um épico viciante em cada detalhe. Durante a trama, iremos viajar junto com os personagens por diversos anos, como 1987, 2013, 2015, 2017, e 2043, e isso é o mais difícil de nos fazer entender. A mudança constante de tempo poderia facilmente nos confundir. Geralmente, as obras que se utilizam de viagem no tempo, tendem a colocar filtros diferentes em cada época para conseguirmos acompanhar sem problemas o que está diante de nós. Porém, 12 Monkeys não se utiliza dessas ferramentas e, ainda sim, nos deixa sempre a par da história, sabendo diferenciar muito bem os anos citados.

Para quem curte viagens no tempo, sabe que algo é sempre eminente: os paradoxos temporais, ou seja, o encontro do seu “eu” do futuro com o “eu” do presente (ou passado) – seja ser vivo ou objetos. Esse paradoxo, quando ocasionado, pode vir mudar o futuro de tal forma que o que está acontecendo ali, naquele exato momento, deixe de acontecer e mude o destino do mundo, ou seja, causa e efeito. Pois bem, em 12 Monkeys, o paradoxo é tratado de forma constante, sendo muito bem feito e com conceitos únicos, apresentados na própria trama em que James está inserido.

Os personagens em 12 Monkeys foram feitos para mudar. Mudar de personalidade, mudar de realidade, se reconstruírem como seres humanos (para pior ou melhor) e mudar até mesmo de século. A princípio, não há como entender a complexidade da missão de James Cole, por isso, há o risco de você achar massante e com excessos de informações, porém, tudo ali é planejado e pensado, por isso a mudança dos personagens é tão fundamental. Ela traz uma humanidade para uma história completamente ficcional, com claras críticas e metáforas para a nossa realidade, porém, ainda sim, surreal. José Ramse (Kirk Acevedo) Theodore Deacon (Todd Stashwick), melhor amigo e maior inimigo de Cole, respectivamente, merecem um destaque aqui. Nada mais será dito, mas guardem bem esses nomes.

12 monkeys máquina do tempo

As atuações são ótimas e surpreendentes. Confesso que de cara eu não dava muito pelo ator protagonista Aaron Stanford. Porém, dar tempo ao tempo, com o perdão do trocadilho, é algo essencial para aproveitar o que 12 Monkeys tem a oferecer. Inclusive as atuações. O elenco principal já citado, junto à Jennifer Goines (Emily Hampshire), formam um time impecável, com uma sintonia incrível. O carisma de Emily é alguém que chama muito a atenção. Para efeito de comparação, ela faz o mesmo personagem que Brad Pitt fez no filme, e isso é uma grande responsabilidade para a atriz, até então, pouco conhecida.

Como já falei, 12 Monkeys foi planejado minuciosamente. O roteiro tem total controle sobre o que estamos vendo a todo o momento, mesmo com a enorme quantidade de reviravoltas (plot twist) e surpresas. É preciso entender que, ao longo de quatro temporadas, o primeiro e o último episódio se conectam. A série não dá barrigadas com a finalidade de preencher um espaço e ignorar o que realmente importa. Ela está amarrada, e isso é mérito total dos criadores Terry Matalas e Travis Fickett.

Outra coisa que 12 Monkeys deixa de lado é a famosa bipolaridade. As existências únicas do preto e do branco, tão presentes em obras de ficção científica, sem uma região cinza de meio termo. O roteiro da série soube explorar isso muito bem, fazendo com que a nossa percepção de vilão, ou bonzinho comece a compreender pontos de vistas destoantes do pregado pelo protagonismo. Isso enriquece a série como um todo e deixa tudo com um ar de “não sei se eles estão certos nesse ponto aí, hein”.

12 monkeys titan

A trilha sonora é um show a parte. Com a enorme quantidade de anos em que a série viaja, as músicas acompanham e nos faz presente em cada época de forma bem fidedigna. O mesmo pode ser dito da fotografia. Este é outro ponto interessante da série. O canal Syfy não costuma fazer séries caras, então, o orçamento de 12 Monkeys é extremamente baixo em relação à séries concorrentes de outros canais, e este fator, que geralmente tende a prejudicar, é uma grande arma: com simplicidade e inteligência, o visual da série se torna impecável.

No fim, 12 Monkeys é uma série que precisa ser vista por todos. Fãs de sci-fi ou não, a partir da hora que você é um amante de séries, se deixe levar por um dos roteiros mais intrigantes, inteligentes e bem amarrados dos últimos tempos. No final, o sentimento de encanto predominará.

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