Criadores de Dark falam sobre a 2ª temporada da série e revelam curiosidades; leia a entrevista

O site português New in Town fez uma entrevista exclusiva com os criadores de Dark Baran bo Odar e Jantje Friese. Considerados gênios pela complexidade da obra, eles afirmam que Dark foi feito para ter começo, meio e fim de forma sólida, sem enrolação. Em tempos de séries como The Walking Dead, onde o fim parece nunca chegar, Odar e Friese também destacam a liberdade que a Netflix os deu para criar e fazer a história ter o rumo que eles sempre pensaram.

A entrevista foi realizada dias antes da estreia da segunda temporada da série.

Leia:

Olá, Baran e Jantje, como estão?
Baran: Muito bem. Está um dia incrível, e estamos aqui tranquilos a falar sobre a história do desaparecimento de crianças e a beber Coca-Cola. Ah, e a nossa filha está no quarto ao lado, em segurança. Então, sim está tudo certo.

Por um lado passaram dois anos desde a primeira temporada, mas por outro há uma sensação muito familiar que nos leva a crer que ainda ontem vimos estas personagens. Como tem sido para vocês esta aventura na produção?
Jantje: Dois anos, dá para acreditar? Felizmente conseguimos escrever mais este capítulo da história e vou adiantar-me ao dizer que acho que é ainda melhor do que a temporada anterior. Acho que percebemos exatamente o que tinha de ser central na história e avançamos, mas não vou mentir: a pressão é muito maior agora, nada é feito ou deixado ao acaso. Nos primeiros episódios mal me diverti, estava sempre muito focada em tudo o que fazia.

Na série há várias referências aos anos de 1953, 1986, 2019 e todas estas datas estão separadas por 33 anos. Há algum motivo em especial para isto acontecer?
Jantje: Quando fazemos uma pesquisa sobre o número 33, aparece sempre algo complexo e misterioso. Na religião, trinta e três foi a idade com que Cristo morreu. O livro dos Mortos fala de 33 céus. 33 são também os ciclos lunares. Na biologia, 33 são as voltas sequenciais que formam o DNA. O Desastre de Chernobil aconteceu há 33 anos. Na segunda temporada, vão perceber a cronologia e a metodologia da escolha da simbologia deste número.

As expetativas já estavam muito altas ainda antes da estreia do projeto. Nessa altura, “Dark” foi pensada para ser uma minissérie, a história iria acabar ali. Como é que soube que, afinal, haveria mais uma temporada?
Baran: Estava num evento da Netflix e em conversa falávamos sobre os nossos medos. Expliquei que sempre tive imenso medo dos quadros de Francis Bacon, que me assustavam imenso, e à noite tinha pesadelos com eles. “Ok, vamos incluir isso na segunda temporada”, disseram-me eles [risos]. Foi assim que soubemos que haveria segunda temporada. Mas não podemos estar mais satisfeitos, as pessoas ligaram-se mesmo à série e é muito bom estar de volta. A história é sombria mas também há questões muito interessantes, como de onde viemos, o que é o universo, ou como tudo começou, se há ou não um Deus. E a Netflix deu-nos total liberdade para escrever sobre estas temáticas.

Jantje Friese and Baran bo Odar
Baran bo Odar e Jantje Friese

Recuando até ao início das gravações da primeira temporada, perceberam logo que estavam envolvidos numa série que iria ser um sucesso?
Jantje: A Netflix permite aos produtores e aos atores começarem devagar e isso é muito raro em produções grandes como esta. Toda a gente estava muito focada no objetivo, não havia grandes distrações nos bastidores, era um sítio de calma e concentração. A alegria vinha de fazer boas cenas, e que o público conseguisse identificar-se com a história desde o início.

H algum episódio de bastidores engraçado que tenha acontecido durante as gravações?
Baran: A série chama-se “Dark” e matamos crianças, claro que não há nada de muito engraçado nisto, mas enquanto realizador tenho de confessar que adoro fazer umas boas palhaças no set enquanto filmamos, adoro brincar com estes temas mais sobrenaturais e divirto-me a assustar toda a gente, com coisas que não conseguimos entender.

Como foi a escolha das personagens? Já tinham alguma ideia para o casting?
Jantje: Foi bastante complicado, na verdade foi um trabalho de quatro meses para decidir todo o elenco. Foi um processo bastante ponderado, porque não queríamos atores muito conhecidos, e penso que conseguimos encontrar um equilíbrio na escolha.

Reparei que na conta de Instagram de Baran diz que está a chegar a terceira temporada, mas que é também a final. É mesmo oficial que a série vai acabar por ali?
Baran: Sim infelizmente é verdade. Sempre tivemos na ideia de que se a série fosse um enorme sucesso, como acabou por ser, para nós só faria sentido ter três temporadas. Porque achamos importante manter o fator suspense até ao fim, e é isso que vamos fazer. Por exemplo, a série “Lost”, que é uma das minhas favoritas, acabou por cometer o erro de fazer tantas temporadas só para agradar o público. Isso teve um efeito contraditório, a meu ver, aborrecendo-o. Prefiro três temporadas sólidas do que entediantes. E aproveito para vos adiantar que começamos já a filmar a última temporada na próxima segunda-feira dia 24 de junho.

Depois das gravações da terceira temporada, o que estão a pensar fazer ?
Jantje: Umas férias [risos].

As duas primeiras temporadas de Dark estão disponíveis da Netflix. A terceira temporada chega em 2020 no catálogo.

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